Cláudia Lima nasce em 56 e vive no Rio de Janeiro. Os primeiros passos no mundo das artes são dados no Museu de Arte Moderna. De 1964 a 1970, participa em várias exposições colectivas, organizadas anualmente pelo Museu, obtendo sucessivos primeiros prémios.

 

Conclui a licenciatura em direito em 79 e fixa residência, em Lisboa, no ano seguinte.

 

Frequenta os cursos de Pintura e Desenho na AR-CO, escola que, paralelamente aos estudos de Belas Artes, advém a pioneira do design em Portugal, bem como de algumas artes decorativas como a ourivesaria.

 

Obtém um subsídio da Fundação Gulbenkian para o ano de 1983-84 destinado a frequentar, no ano lectivo seguinte, a École Nationale D’Art Décoratif em Aubusson. Desde então, participa em várias exposições individuais e colectivas de pintura e de tapeçaria quer em Lisboa, quer noutras cidades.

 

Fernando de Azevedo, crítico de arte, refere-se-lhe, em 84, nestes termos: O mundo da artista é um mundo de alegria, atrevo-me a dizê-lo interiores habitados que nos falam de ternas e humanas vivencias. Interiores comunicantes com árvores, flores, com o sol o céu… O desenho é simples como uma referência, a luz é intensa, por vezes geométrica…

 

Cristina Azevedo Tavares, em 95, expressa-se deste modo: As tapeçarias de Cláudia Lima informam-nos de uma sensibilidade rica que se pontua fundamentalmente em dois pólos: por uma lado, a presença de um mundo infantil e adolescente através de pinturas que, servindo de cartões para a tapeçaria, revelam um tipo único de representação; por outro lado, a aprendizagem realizada no Brasil e na Europa.

 

É deste modo que Cláudia Lima interiorizou procedimentos representativos que derivam do ensino de Ivan Serpa e de uma concepção matissiana das formas e das cores, numa afirmação estruturadora da bidimensionalidade.

 

Em 96, Cláudia Lima faz a primeira instalação aproximando-se assim da tridimensionalidade.

 

Madalena Braz Teixeira analisa assim o seu Carnaval das Serpentinas, em que a artista reflecte sobre um evento essencial da cultura brasileira : a instalação não começa nem acaba; constitui antes, um projecto de constante retorno do primitivo ao artificial, passando pelo desdobrado reflexo dos espelhos. A realidade multiplica-se com um espectáculo de grande sobrecarga visual. É da festa do carnaval que se trata e, sobremaneira do Carnaval das Serpentinas.

 

A Expo-98 organizada em Lisboa com o tema dos Oceanos constituiu um evento internacional em que a artista participa, a convite da CPLP, Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

 

No dizer de Selma Calazans Rodrigues, são sete povos, sete desejos, sete angústias, sete esperanças, sete maneiras de falar uma única língua: os lusófonos, Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau. Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. A estes 7 povos se veio a Timor-Lorosae que se tornou independente da Indonésia em 2002.

 

Cláudia Lima imagina uma instalação, Ondas da Lusofonia, sob o tema da Viagem. Madalena Braz Teixeira assim a descreve: a instalação desenvolve-se através de um corredor que, planificado, tem a forma de um L, o que traduz bem a homenagem que as artistas desenham fazer à Lusofonia e, com ela à língua que une os povos da comunidade de países de língua portuguesa.

 

O espaço… é fechado e coberto por um tecto donde suspendem fios metálicos e outros de plástico policromo que criam ritmos aéreos evocadores das ondas dos oceanos…

 

A guerra da Bósnia que se desenrolava no continente europeu, a uma distância de dois dias e meio de carro, teve para Cláudia Lima, uma proximidade de vizinhança continental, compreensível para quem é oriunda de um dos maiores países do mundo.

 

José Luís Porfírio escreve em 2001: memória das duas dimensões da muralha e da lã, juntamente com a aparição do monólito vertical, presenças/ilusões também, estas peças testemunham muito caminho andado, na inquietação e na pesquisa, manifestando um pensamento sensível, inseparável da matéria, da mão e do corpo…

 

E assim surgem estes objectos; seria ocioso classificá-los, esculturas? volumes têxteis pinturas relevo? Tal identificação não tem qualquer valor, para além de indicar o cruzamento ou “Enredos”, designação que Cláudia Lima certamente prefere, de matérias e de sensibilidades que constroem o seu trabalho actual…

Estou permanentemente me renovando, tentando atingir algo novo que exprima o meu interior e que fale por si mesmo como objecto de arte.

 

 

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Nós, Homens, criamos as nossas mordaças! Aliás, o sentido do MASTIGAR tem relação com o estratificar das prisões, assim como o regurgitar das cordas simboliza o nosso próprio drama, que é essa guerra interior na libertação dessas prisões. E a passagem de uma prisão para outra.

 

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